16.9.10

"Quando era pequena queria ser florista, mas
cedo tomou a liberdade de seguir uma vida de
"miséria, fossa e rock 'n' roll". Tem feito parte de
bizarros triângulos amorosos e de coisas ainda
mais quadradas, e quando não acha que é deus,
acredita que este é um senhor divorciado que
não ouve bem. A um passo da queda e a outro
do casamento por conveniência, vendeu o seu
coração numa loja de souvenirs para pagar a
conta da água.
Um dia (talvez uma noite), descobriu que gostava
de desenhar coisas estranhas – de
desconstruir o mundo para construir outros,
não necessariamente melhores, mas que aos
seus olhos fizessem mais sentido.
Na origem de tudo o que faz está uma grande
compota de estórias de si própria vista à lupa,
da vizinha do lado, de gente má como as cobras,
de flores que não se cheiram, de amor, de desamor,
de despedidas, de bizarrias, de desassossegos,
de animais raros ou inexistentes, de
finais infelizes ou de finais apenas, de cárdio
citologias (seja lá isso o que for) e de homens
feios, porcos e maus.
Depois, sentindo que devia partilhar as
suas intimidades gráficas com alguém para
além da mãe, de opinião sempre suspeita,
optou por fazê-lo num blog, onde é visitada
por umas quantas pessoas de "mau gosto" e
por outras que o fazem por obrigação. Há
um ano, recebeu uma folha de papel como
reconhecimento da sua licenciatura expresso
em design gráfico, pela Escola Superior
de Artes e Design das Caldas da Rainha.
Começou recentemente a comercializar e
publicar as suas criações e acredita que
mais cedo ou mais tarde vai dominar o
mundo."